sábado, 8 de dezembro de 2018

Carta aos meus segredos


Por onde começar ainda não sei. Talvez, por causa do cansaço, comece pelo fim. Meu passo se encheu pressa, meu braço se encheu de peso. Tentarei pelo fim para ver se consigo arrumar o começo. Então começo por aquilo que preciso e só entendi agora: a calma. Hoje é por isso que eu peço: calma para minh’alma. Me escondo dos próprios medos, fujo dos meus segredos. Me sinto como um trem fora dos trilhos. Por isso, é que peço uma trégua de mim. Diminua tantos aperreios e lutas. Eu não consigo seguir se não maneirar um pouco. Preciso dos freios da calma. Tanto que andei em vão. Tanta perda, quantas ilusões e pressas. Hoje trago um passo pequeno. Quero ser pleno de dúvidas mesmo quando tenho certezas. Permito-me ser fraco e até razões quero perder. Quero ser assim: eu mesmo, aquilo que sou. Ter o poder de acertar o passo e em toda manhã viver o milagre de caminhá-lo. Quero o novo no olhar, na esperança. Sem ser hoje, aquilo que ontem fui. Ter uma oportunidade de seguir tendo a minha frente a felicidade do dom da espera e assim poder lutar e vencer. Sem pressa de chegar a lugar nenhum.

Não sei fingir uma cara de feliz só pra dizer as mesmas coisas que todo mundo diz sempre. Todo mundo sabe o que é certo ou errado. E sei que erro até demais. Segui uma estrada vazia onde poucas vezes soube o que é ter paz na consciência. Hoje eu, e muita gente já sabe, que o tempo é curto para ficar gastando com aquilo que não vale mais a pena. Chorar pelo passado não adianta. É o presente que faz o futuro.  Os sonhos bons precisam ser construídos sobre um firme alicerce onde o chão da consciência é um cais, um porto de boa convivência e de vida livre. Motivos. Buscar motivos para viver livre, poder crescer, existir, dizer o que sente sem precisar mentir. Se vestir da pele que somos e não daquilo que queríamos que fosse.

Quero me olhar nos olhos sem me ver perdido. Vivendo minha própria vida e fazendo dos meus pensamentos as vias dos meus atos. E se eu tropeçar nesses atos, nos fracassos e mentiras que eu saiba levantar e entende que tudo é semente da qual um dia me alimentarei. Mesmo na queda há força. Poder levantar é uma das melhores sensações do mundo. Mesmo sem poder falar, sofrendo e perdido vou continuar firme a andar. Sustentando meus passos mesmo sem saber por onde ir. Só assim, não parando, é que percebo que estou sendo amado. O amor próprio, ah o amor próprio… Sou o guardião daquilo que falo e faço. Já sei mostrar a mim mesmo por onde devo andar. Já sei evitar alguns caminhos e pessoas. Aprendi a tomar conta e as rédeas da minha vida. Me conheço, sou meu amigo.

Sou atrevido o suficiente para querer ser pequeno. E essa é uma das maiores audácias que podemos ter: querer ser pequeno. Assim, pequeno, sou movido pela esperança. Quando sou grande demais tenho expectativas demais. Isso acaba por confundir quais são minhas metas e prioridades. Aprendi a ser pequeno na humilhação diária. Na pedra que ouvi, nos passos que me fizeram seguir sem que tivesse vontade, na magoa. Hoje, poucas coisas me machucam, porque tenho muita experiência. Tenho a graça de ser pequeno e, pequeno, não carrego mais espaço para permitir que que alguém me ofenda. A sabedoria conquistada ao longo do tempo se alimenta do meu silencio. A capacidade que tenho de pensar está equilibrada com a capacidade que tenho de amar. Embora que o pensamento seja involuntário e o amor uma escolha, uma decisão.

Se quero ser lembrado então tenho que lembrar. E isso vale também no caso de esquecer, amar e perdoar. Tudo depende de como alimentamos. Nem sempre a vida joga bem. As coisas se destroem, as lagrimas vem. A gente lembra do que passou. Disso ninguém avisa que vai acontecer. Daí me percebo odiando e desprezando, sufocando o amor. Deixo o orgulho ganhar, e o sonho desmorona, mesmo bem alicerçado. As pessoas acusam, reclamam quando não concordamos com elas. Não tenho culpa e não sou mais enganado com isso. Não tenho mais vergonha de minhas feridas abertas. O que quero para elas é apenas cura. Já não fico mais buscando culpados, sei que a história ainda não acabou, ainda tenho chance. Talvez ela, a história, só esteja começando. Hoje pode doer, amanhã não. As vezes o passado sai de lá, de onde ele está, aparece e machuca, faz chorar. Nessa hora lembro que sou capaz de perdoar. Assim, nada e ninguém me fere, a não ser que eu permita. Aprendi que há muita força em soltar as amarras que nos prende as pessoas. Nunca mais impedi ninguém de ir. Se quiser ficar, que seja na liberdade. Se quiser partir, vá. Ficar ou partir é uma escolha. Quem decidiu ficar ou partir é porque escolheu e ninguém pode tirar esse direito. Não sei quanto a quem parte, mas quem fica já entendeu que vivo de perdão. Ele me levanta. É base para o dom de amar o outro ao qual tanto almejo. A quem parte, cabe desejar uma vida feliz, buscar crescimento, sentido na vida. Só não me impeça de viver bem e em paz. Jamais tire os motivos que me fazem esperar, mesmo caminhando.

As vezes finjo cegueira para me proteger do que ainda tenho medo. Tento me esquivar do amadurecimento. Mas, na alma levo paciência. Quero fazer tudo na calma. Já aprendi que a pressa anda menos. Coleciono algumas pedras, cada uma carregada de magoa e dor. Um dia as lapidarei. Quis um caminho diferente daqueles que me jogaram essas pedras. Posso me olhar nos olhos e querer voar depois voltar e contar por onde andei. Contar sobre as dúvidas e sobre tudo que eu entendi. Poder dizer que voltei para recomeçar mesmo tendo muito o que andar… preciso ouvir mais minha voz. Não quero mais me esconder. Quero me fazer capaz, mesmo quando sei que não sou. Quero ir mesmo sem saber para onde. Quero ouvir meus passos. Se doer então correrei. Quero encontrar ouvidos que me compreendam e não me julgam por aparência ou por pressa em me conhecer melhor, e, que me esperem de verdade. O tempo é inteiro nosso. Quero apenas celebrá-lo.

terça-feira, 20 de março de 2018

Carta para o caminho


Apesar de tudo que já vivi, ainda não consigo conviver com as incertezas que se apresentam em minha vida. Por vezes o futuro que se coloca a minha frente me dá medo. A ideia de bater de frente com aquilo que não concordo me apavora, mas, também me engrandece. Porém, acho que não sei mais como ser dono do tempo. Já não me importo mais com muita coisa que antes me fazia sorrir ou chorar. Em meu caminho, muita coisa já não depende das minhas vontades. Às vezes me pego caminhando para lugares que não estão nos meus planos e vou deixando pessoas entrarem e saírem aos poucos da minha vida. Espero que nada me impeça de avançar, mesmo quando tudo parecer difícil quero seguir. Quero encontrar nos meios as mesmas alegrias que espero encontrar nos fins. Não quero me acomodar com aquilo que já conquistei, é fácil de perder. Espero que os meus sonhos não se apoderem da minha alma para eu não achar que o que já consigo fazer seja tudo que eu consigo fazer.
Às vezes, ao me redor, tudo é muita luz. Não encontro oposições às minhas posições. Outras vezes, tudo é escuro em minha volta e não consigo lidar com posições opostas as minhas. Tenho reações típicas a qualquer um. É verdade que não sou dono do amanhã. Talvez o mundo seja barulhento demais para mim. Ou eu seja fraco demais para escolher ganhar ou perder amigos. Sei lá, eu só queria ter certeza do que me espera pela frente.
Tenho medo de perder as pessoas que amo. Sei que deveria me preocupar em viver, ir mais longe, mais alto, mas nem sempre funciona assim, tão simples. A escolha certa, o melhor lado, o lugar ideal... não sei bem como escolher tudo isso. Uns falam para ir para a direita outros para a esquerda. Nos dois caminhos encontro verdades, encontro mentiras, não sei como escolher. Estou certo que algumas pessoas não são dispostas a convivência, não querem nos conhecer. Muita gente irá se aproximar nos momentos de necessidade. É muito difícil encontrar alguém que seja teu amigo por inteiro incluindo a precariedade. O caminho solitário é sempre mais árduo, mas, é aquele que mais encontramos. Se eu pudesse, queria que as pessoas que amo enxergassem tudo aquilo que elas representam para mim, tudo aquilo que se engrandece em meu coração. Não quero ser condenado por amar os meus, mesmo que esses não queiram. Sabe aquela sensação de estar rodeado de pessoas e mesmo assim está sozinho, sabe? Pois é, se parar para pensar, tudo se encaminha a isso. Eu apenas luto para que não.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Carta para o abandono

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Intragável senhor,
   Se soubesses como és desagradável me pouparia de sua companhia. Se ao menos soubesse evitá-lo... mas és um senhor persistente. Os dias passam, os anos passam e a gente já não sabe mais se a esperança nos alimenta ou o contrário. Vai se formando um nó na garganta que não há lágrima que o desfaça. Daí passa a ser os minutos que agarram a esperança e a arrasta sem misericórdia a um poço sem fundo. Num dia a gente sonha com uma realidade atemporal, noutro dia a gente acorda com o tempo gritando no ouvido, pegando nossos pés e fincando-os no chão.

   Acho normal que os nossos interesses mudem com o tempo. Isso é bom. Faz nossa visão de mundo aumentar. Mudamos de opinião, hábitos, interesses. Normal. Não podemos carregar coisas velhas pela vida toda, precisamos aliviar o peso sobre nós e assim seguir mais leves. Porém, não podemos cair na armadilha de achar que as pessoas podem ser inseridas nesse montante de coisas velhas, senão, caímos na injusta prática do abandono. Ninguém é abandonando por ser ruim. Prefiro pensar que algumas pessoas são "ruins", em nossa limitada concepção, por serem abandonadas. Caem no erro do julgo alheio. Não têm a chance de serem aquilo que são verdadeiramente sem passar pelo tribunal da falta de aproximação. Todos temos essência, porém são poucos que se atrevem a conhecê-la. Um dia, quando morrer, todo mundo se tornará bom, até mesmo aqueles que não eram conhecidos assim, bons. E com isso, pensaremos no tempo que poderíamos ter aproveitado com essa pessoa. Como seria bom se a gente gastasse o tempo buscando conhecer e viver a essência das pessoas e não criando expectativas das pessoas serem aquilo que  gostaríamos que fossem. Ao menos devíamos ser julgados por aquilo que somos e não por aquilo que os outros pensam ao nosso respeito.
   Quem abandona rejeita. Muitas vezes, ainda na presença de alguém, temos a sensação de sermos abandonados. Quando somos rejeitados em nosso jeito de agir, falar, expressar, existir, quando não nos valorizam, é inevitável que não seja abandono. Para nós, é mais fácil o outro ser aquilo que queremos que seja, do que aquilo que ele realmente é. O problema não está no abandonado, está sempre em quem abandona. Acima de tudo, quem é abandonado não se sente amado. E a obrigação moral, espiritual e coerente daqueles que são "bons" é amar o próximo. Sendo assim a pessoa abandonada não é a "ruim" da história. Não amar é abandonar. Quem não ama não pode ser uma pessoa tida como "boa".
   A maneira como agimos não agrada a todos. Daí vamos tentando adaptar nosso jeito de ser, e aos poucos, vamos nos distanciando de quem somos de verdade, agindo de uma forma a sermos aceitos. Seria bom que todos soubessem que temos um valor maior sendo quem somos. Sem se permitir usar máscaras para agradar ninguém. Quem faz isso paga um preço alto, o abandono. Ele é a moeda de troca para pessoas que mostram sua real essência.
   Como perdoar quando te aprisionam em rótulos pré concebidos? Como perdoar as pessoas que te julgam sem te conhecer e te abandonam por isso? Como perdoar quem não tem coragem de se aproximar e por isso te flagelam às costas? Parece impossível, mas precisamos perdoar a quem nos abandona, para assim, seguir em paz. Não significa aceitar, significa se permitir expressar e sentir toda dor e raiva reprimida e encontrar estradas saudáveis que levem esses sentimentos a se tornarem aprendizado e experiência sem que haja a necessidade do abandono. As vezes só precisamos de uma oportunidade, de uma aproximação. Perdemos muito quando não conhecemos um pouco mais as pessoas as quais julgamos "ruins". Perdemos muito.
Sem mais, 
Eli Negreiros

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A janela

   Um desses dias aí atrás, parei à tua frente e num estalo de razão procurei buscar sentido em sua existência. Teu nome da significado a uma série de  parafernálias úteis e inúteis que conheço. Tua boca aberta transpõe ar e luz, fechada sufoco e breu. Um rasgo por onde se percebe o horizonte estático. Quando existe em palavras é sempre a que falta e se deve escrever. Quando em velocidade anda, tua forma é variável e moldada numa paisagem móvel. Quando moderna: mulher fácil, do tipo que disponibiliza qualquer programa, se sujeita aos comandos do seu usuário.
Guilhotina com duas partes constantes: uma interna e uma externa. Sobe e desce, corre para direita e para a esquerda, vai para dentro ou para fora, tudo para se abrir ou fechar. Se és sacada tens flores e se abre no rés do pavimento. Se estas aberta trás o ar, se fechada proteção.
Não te basta apenas ser buraco para o vento e onde a luz goteja no breu. Tens que permitir olhar o céu, o sol e toda beleza que sua limitação permite. As vezes acho que tudo foi construído a sua volta. Até porque você traz para dentro aquilo que devia ter ficado fora.
Nos barracos é humilde, nos casebres também. Em mansões é talhada, em palácios é arte. Mas a luz que pinga através de tuas arestas vem do mesmo sol. Não existe um sol para cada um. O que existe são tantos uns para um único sol e tu é quem entrega, pedaços desse sol, para quem está dentro. Traz vigor às paredes que te aparecem, e, memória às vidas que te conhecem. Quando não és suficiente, ninguém hesita em criar mais. Tu me liga ao meu jardim, porém me deixa no meio do caminho entre a liberdade e a prisão. Já que aberta é só luz, fechada solidão. Na fuga é escape, no calor ventilação. No frio aquecimento, e quando há céu constelação … na alma a mais bela, na minha casa é só janela.


Eli Negreiros

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Carta para a ausência

Querida Ausência,

     Já observou que, quando os nossos desejos não se realizam, as frustrações são certas. E, se nossa expectativa está toda depositada em tais desejos, tudo fica ainda pior. Esperar por algo é bom e fica ainda melhor quando se concretiza. Caso contrario, não é bom. Vivo na espera de um dia poder te sufocar com presenças. Resolvi imitar o vento. Anseio pelo dia que encontrarei ao menos uma presença. Tantas palavras serão ditas e outras tantas silenciadas. Estou aprendendo a esperar. É tanto desejo guardado...
     Acredito que os mesmos ventos que levam embora, também trazem de volta. Apenas permito que o vento siga o seu curso. Espero. Entendo que nem tudo acontece como planejamos. Temos que ser flexíveis, só assim aproveitaremos o trajeto de forma mais tranquila e quando chegar ao final, teremos percebido tudo que compensou.
     Sabe ausência, às vezes penso em todas as estações da vida, em todo o caminho que percorri, em todos os medos. Penso nas pessoas que me sufocaram, naquelas que fazem falta e naquelas que não fazem falta alguma. Penso nas coisas miúdas e fantasiosas, nos outros e em mim. Engraçado como tudo isso vira ausência. Isso mesmo, todos nós, aos poucos vamos nos tornando ausência. Hoje lembro dos meus sonhos e vejo que a maioria já ficou para trás. Chegaram a esse ponto, justamente porque existiam expectativas demais. E quem espera demais, tem mais risco de se decepcionar. Devemos fundamentar nossos sonhos na realidade. Amar, já se tornou sinônimo de coragem. Aqueles que ainda se mantem presente em minha vida são corajosos. Insistem em me amar por coragem e ainda mantém um fio de esperança num amanhã onde eu estou incluído. Aqueles que preferiram a distância não souberam me aceitar como sou. Temos medo de acabar apenas com a nossa companhia. Embora que, seja isso que acaba acontecendo com todo mundo. Não adianta, podemos ter milhões de amigos hoje. Desses milhões, sobrarão poucos que serão presença e desses poucos, todos passarão. O tempo vai nos moldando.
     As pessoas não estão preparadas para nos corresponder. O mundo não está preparado para ser feliz. Temos uma facilidade maior em sermos tristes. Ser feliz, talvez implique em presenças. É difícil ser feliz na solidão. É possível, mas é mais difícil. Vamos criando reticências onde teríamos que colocar um ponto final. Penso muito nas minhas escolhas. Vejo o quanto delas eu tomei por mim mesmo, sem que houvesse intervenção alheia. Foram poucas. Quantas desculpas eu criei para divergir comigo mesmo, para silenciar minha dor. A verdade e o tempo são meus.
     Faz parte da coisa quando se faz parte da família. Se não faço mais parte da coisa é porque não faço mais parte da família. Corremos o risco do inesperado. Somos limitados. Fazemos parte de um jogo de interesses. Já não sei mais onde me sinto seguro. Inventei tanta coisa e proibi outras tantas. Carregava uma malinha cheia de expectativas e hoje já me desfiz dela. Hoje não falo mais de expectativas. Não espero nada de ninguém. Parei com aquele velho costume de inventar meios para manter presenças. Não aumento mais a bagagem da minha malinha de expectativas. Algumas 'peças' fundamentais da minha vida se tornaram 'cacos' que não se encaixam mais em nenhum quebra cabeça do presente. Deixei tudo para trás. Liberei um espaço grande na vida. Resolvi abrir mão de muita gente, e, sem pagar o mal com o mal, dou importância somente a quem demostra reciprocidade. Faço isso calmamente como tem que ser. Entendi que expectativas geram frustrações quando depositadas sobre ombros despreparados. Não é fácil construir vontades, justamente porque exige tempo e calma. Sabe ausência, sei que ainda tenho muito a oferecer. Sei que somente a minha presença não me basta. Mesmo sem expectativas, e com medo, ainda falo de amor. Com a leveza de uma agora vivido sem pressa nenhuma e com a certeza de que no fundo, só quero um lugar para voltar.

Teu amigo

Eli Negreiros

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Enquete VII Alegrai-vos

Olá Gincaneiros,

     A enquete já está valendo. É só escolher a sua equipe de competição ou de torcida e votar. As equipes que não se manifestaram poderão participar posteriormente, sem que haja contestação com relação às equipes que já estão participando da votação. A forma de pontuação nessa prova será anunciada no dia da Gincana. A votação segue até o dia 18 de setembro de 2013, até as 23h50min. A participação da equipe na enquete não justifica a participação na gincana. É necessário o preenchimento e entrega da ficha de inscrição, juntamente com a taxa. Ambos descritos no regulamento, que está disponível no grupo da gincana no facebook. Boa sorte e votem muito.

Eli Negreiros

domingo, 28 de julho de 2013

VII Alegrai-vos

    Deus seja louvado!
     Para a felicidade geral da nação, para que as lágrimas sessem e os dias se arrastem em ansiedade. Para   que os mistérios se resolvam, as perguntas encontrem respostas ou não. Para que as famílias retornem ao lar e os amigos confraternizem no amor e diversão, anunciamos a abertura das inscrições para o VII ALEGRAI-VOS.
     As inscrições irão do dia 28/07/2013 até o dia 07/09/2013. E não adianta chorar, o prazo é esse e ponto. As fichas estarão dispostas no grupo da gincana no facebook. É só imprimir.
     O número mínimo de participantes por equipe é de 15 pessoas e o máximo de 25 pessoas. O preço da inscrição por equipe é de R$ 70,00 (setenta reais). Independente do número de participantes.
     O VII ALEGRAI-VOS será no dia 22/09/2013. Alimentaremos o básico da nossa capacidade, mas com os pés ainda fincados na criatividade. Reformulamos tudo, somente para chegar até aqui. Então… O tempo é mínimo, juntem todos e sejam felizes.
     As fichas preenchidas terão que ser repassadas, impressas, para a organização da gincana.
     Ajudem-nos a divulgar o evento. Se já tem uma equipe, procure-a. Se não, monte uma. E nos dois casos, motive mais pessoas a participarem.
     Assim que o regulamento ficar pronto anunciaremos por aqui.
     Qualquer dúvida é só perguntar. Ah! Obter resposta? Bom aí já são outros 500. Afinal de contas, gostamos de preparar surpresas.
     Fique por dentro de tudo que acontece: http://elivalter.blogspot.com/ Facebook: http://facebook.com/Eli.Negreiros.5 e no grupo da Gincana no face.
     “Democracia é dar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”. (Mario Quintana)
    Contamos com as tradicionais equipes e com as novas que se formarão. Não deixe de participar.
     Que a alegria do Senhor seja a vossa motivação e força.
    Alegria! Alegria!

“Subo ao altar de Deus que é a alegria da minha juventude” Toca de Assis
Atenciosamente
Eli Negreiros

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Carta para mim mesmo V

   
Querido menino,

     Sei que nesses últimos dias que passou, tu viveste angustiado, por conta de algumas coisas e pessoas. Por isso, resolvi mais uma vez, te alertar sobre algumas coisas. Tudo que se passou foi totalmente previsível. Um pouco mais de tempo atrás, já tinha te alertado sobre algumas situações. Nada foi uma surpresa. Já tinha te falado sobre aquilo que vale, e aquilo que não vale a pena. Pois é. Para te lembrar mais uma vez, vamos vestir de palavras alguns quês e porquês. Teve um dia que você decidiu não esperar mais nada de ninguém. Não que essa decisão fosse tomada de um dia para a noite. Levou um tempo. E talvez a culpa nem foi tão sua assim. Chega uma hora que a gente cansa, entende? Chegamos a um ponto em que simplesmente paramos de acreditar. Em coisas e pessoas. Não tenha isso como uma visão derrotista ou de pessimismo. É que a realidade bateu forte na sua cara. Parou de acreditar numa serie de mentiras. Um belo dia você começou a ver as coisas como elas são. Isso é lógica. Talvez o problema estava no seu esquecimento de como as coisas são de verdade. A sua memória estava alienada e só via o lado bom, doce. Mas, não é bem assim. Existe um outro lado também. Lágrimas, tropeços, mágoas, percalços, defeitos... Tudo isso existe. E bobo é quem não encara isso como realidade e de frente. Eu resolvi lutar, encarar. Isso é viver na realidade. Seres humanos sempre querem ter razão. Você mesmo é assim. Mas, nem sempre temos. E as pessoas não são sempre açúcar. E nem devem ser. A memória nos engana toda hora. E você é o tipo de pessoa, que os outros sempre vão lembrar da parte amargosa. Já te falei que as pessoas acreditam na verdade quando a verdade lhe convém. Caso contrário, verdades serão sempre mentiras. E pessoas verdadeiras sempre serão vistas como algozes.
     Um dia tu resolveu não ter mais expectativas. Chegou uma hora que cansou dessa lenga lenga. Esperar as pessoas doeu muito. Agora, o que eu acho bom mesmo, é não esperar mais nada e de ninguém. Porque não agiu assim desde o princípio? Quanto tempo perdido. Quanta coisa não vivida. Planos deixados para o lado. Aquela história de que sonhar junto é melhor procede, sim é verdade. Porém, independe menos de quantidade e mais de qualidade. Algumas pessoas são dispensáveis. E, me arrisco em dizer que a maioria é. Outras pessoas são necessárias. Geralmente estão dentro da família. Os melhores amigos, são os de casa mesmo. Se não é capaz de te entender e aceitar, não merece tanto ibope assim. Conte apenas contigo mesmo. Com suas forças e fraquezas. Sua capacidade e suas limitações. O que vier será acréscimo e menos frustante se não esperar tanto. Pessoas vem e vão. Não se importe se amanhã ou depois, você mude de ideia. Normal. És quem és. Do início ao fim.
     Não se importe se vão te entender ou não. Talvez não queiram. Por falta de vontade, noção, humildade ou tempo. Somos todos, primeiramente, individualistas. Fato. Embora que as palavras sejam sempre 'nós', o 'eu' sempre será prioridade. Se estou bem, então está tudo bem. Assim que funciona. O que aparece além disso, já me soa como publicidade de si mesmo. Sempre foste daqueles que se doa. Tinha expectativas. Quem não tem? Hoje ainda tem as mesmas expectativas. Porém, menos intensas e de menos, bem menos pessoas. Não pode lutar contra isso, é algo que já veio com você do berço. A diferença é que agora resolveu aceitar. Não espere que os outros tomem as mesmas atitudes que você. Isso é frustração certa. O seu jeito de ver muitas coisas mudou, lhe permitindo viver sem ficar se protegendo o tempo inteiro. É mais arriscado. Mas, é mais verdadeiro. E ainda rende muita história para contar. Se tem vida em você, então viva. Não se importe mais com fotografias antigas. Tudo passou. O que foi bom permanecerá na memória. Se todos acharem que desistiu, continue. Simples assim.

Teu amigo,
Eli Negreiros

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Carta para mim mesmo IV



Amigo Eli,
   
     Para atender o teu próprio pedido, venho aqui novamente. Mais uma vez para escrever, e virei outras tantas vezes para te reler. Gosto de reler o que escreves, embora isso me pareça egocentrismo. Que seja então. Sempre fico sorrindo, tentando achar qual foi a motivação para escrever o texto. Suas letras, por vezes, são cruas. Tua escrita, tuas palavras, tudo muito curioso. Elas contém uma interessante ambição. Fico vendo e revendo. Quantas dúvidas. Já não és mais o que eras e dificilmente voltará a ser. Há cheiros, sorrisos, cores e sabores que te remetem a situações, que sei que se questiona se realmente viveu. Tens se tornado um ser frio. Embora que, ainda continua com um coração grandeAprendeu a ter autocontrole. Me assusta essa tua frieza tão clara, que tens com os afetos tão teus. Talvez sejam as cicatrizes que lhe causaram que te façam lembrar que tudo passa, seja bom ou mau. O fato é que, nesse teu inverno particular, aprendeu a se proteger do frio. Enquanto todos se envolvem com histórias eternas de pessoas passageiras, tu observa envolto à mantas quentinhas, tudo isso regado a doses, também quentes, de realidade. Prefiro ver todo esse joguinho de fora. Estou esperando os meus pés sararem, para voltar a caminhar. Ainda há um longo caminho pela frente. Apesar de toda frieza, continua indomável e duvido que algum dia isso mude. É um ser com personalidade. E seres com personalidade incomodam.
     Como gosto de ti, querido Eli. Palavras serão sempre insuficientes para isso. As vezes elas não me servem de nada. Tudo se transforma em nada quando tento dizer ou demostrar o quanto gosto de ti. Não consigo. Mas, é fato que entre você e eu deve haver um problema. Talvez seja você, talvez seja eu. Tem que haver um culpado. Você sabe quando devo sair para navegar e quando devo ficar atracado ao cais. Sabes me levar aos extremos. Não liga para a minha cara fechada e meus braços cruzados. Fica sorrindo das minhas seriedades. E leva a serio os meus sorrisos. Não me permite mais discutir por futilidades com era acostumado fazer. Tenho duvidas se isso é bom.
     Muitas letras ainda dançam dentro de você. Gotinhas, comparadas ao oceano que te passa diante dos olhos. Embora que seja um turbilhão controlado, ainda segue sem rumo definido. Há uma primavera pela frente, indiferente a toda essa frieza. Teimoso. Ainda mantém o coração quente e uma alma firme. A essa altura da vida, já pode se dar ao luxo de saber quem é cordeiro e quem é lobo, ou não. Pode excluir quem faz ruido e conservar quem conhece teu coração e o cuida como seu. São poucos, acredite. Laga de mão, aqueles que não te dizem mais nada. Talvez valha a pena para outras pessoas, mas não para você. Deus lhe trará outros, para um novo começo. Foca nas dádivas que te motivam e cresce. Não importa quantas pessoas você pode falar que te ama de verdade. Não importa o vácuo que alguns deixaram, os anos de partilha... Não importa o silêncio que hoje habita em você. Isso acontece. Chega um época da vida que é preciso podar as roseiras, separar o joio do trigo e nada te impede de fazer isso. Nada mais importa. Recomece! Eleja prioridades. Acho que é ai que o teu umbigo é posto à prova. Prioridades... deixa elas ecoarem em ti. Se ganhei algo convivendo contigo, foram os pés no chão. E isso não te impede de sonhar. Sei disso porque sonho por você e por mim. Em nós.

Eli Negreiros

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Carta para mim mesmo III


Querido Eu,
   
     Não é porque eu gosto de escrever, que te escrevo. Como sabe, acho que não passas de pouca coisa. Mas, vamos seguir. O motivo da minha escrita a ti, é porque, me parece, que só tu é capaz de me entender. Somente você compreende cada início de parágrafo e cada ponto final. Por vezes, pergunto-me o que queres afinal. O que te leva a pegar papel e embebecê-lo com rabiscos, palavras que poucos entendem? Embora saiba que não escreve para que te entendam, escreve para se libertar. Qual a necessidade da métrica das suas palavras?
     Se me permite, quero confessar-te um pequeno segredo: também tenho segredos, qual a pessoa que não tem? Pode pensar que é devaneio meu, mas, tenho medo do que escrevo. Minhas palavras carregam uma força invisível, exponho muito. Acumulo nelas muitas mágoas, embora que amenizadas pela distância, e as solto como uma flecha mortal. E depois meu bom amigo, preciso me despir, e a forma mais racional que encontro é escrever. A sorte é que consigo enigmatizar tudo que me vem à cachola. Um dia conseguirei soltar tudo aquilo que está moído em ti, o silêncio ganhará uma voz clara e compreensiva. Também sinto o frio nos olhares acusadores dos não entendedores. Hoje sua caminhada começa e segue em recordações, referências e só. Como se tudo e todos estivessem estacionados no tempo. Tempo esse que não volta. Leituras, fotos, objetos, lembranças, saudades... tudo ficou para trás. Lugares que não colocarei mais os pés, mas que reconheço no primeiro reflexo... corações. Só posso escrever a ti, não sobrou mais ninguém a quem possa fazer isso. Ninguém me entenderia tão bem, como você. Sei que passas o mesmo que eu. Somos uma ameaça a qualquer um.
     Toda vez que sinto vontade de despir-me da casca, me visto do medo invisível e te falo. Aprendi. Não te revelo todos os meus medos, nunca te disse isso, mas acho que nem é preciso. Pergunto a Deus porque não me encaixo. Porque passei a odiar futilidades e a adiar conversas que já deveria ter tido. É verdade que aprecia bem mais o silêncio agora. Passei a achar um desperdiço de tempo usar palavras vãs que nunca serão compreendidas ou aceitas por pessoas da mesma forma vãs, que prometem e não cumprem... Meu amigo, levante a cabeça, seja você mesmo e siga.
     Como eu gosto quando me fazes falar, quando arranca de mim toda pele e deixas-me sem defesas, acuado e sem saídas. Gosto quando me lê. Ao final de um tempo, sinto-me feliz por está vivo e por ser fértil de imaginação. Outro dia te mostro um capítulo da história que escrevi sobre você. Só não te mostro agora porque não decidi se o herói morre no final, para salvar o mundo, se ele sobrevivi sem memória com seu fiel cavalo ou se segue sua vida de herói. Assim vou seguindo, nas palavras despindo o mundo, embalando toda a descoberta, mascarando toda cura. Meu amigo, nas palavras que te beijo, nas linhas que te abraço, peço que não se afaste, pois preciso de ti. Quando me visitar, demore o suficiente para plantarmos novas sementes. Cultivá-las dará muito trabalho.

Eli Negreiros

terça-feira, 18 de junho de 2013

Trinta

     Outro dia, li em algum lugar, que aos 25 anos o ser humano começa a perder água da pele. Daí, o porque da pele, da parte de cima da mão, ficar fininha. Coisa de velho. Já estou quase paranoico de tanto olhar para minha mão. Depois li que aos 35 a pele tem menos elasticidade. Lascou tudo! Com 50, derrete, só pode. Nesse mesmo texto diz que aos 30 anos perdemos em média 50 mil células cerebrais por dia. Sem brincadeira nenhuma, estou muito preocupado com isso. Quem foi que falou que eu estou em condição de perder alguma coisa. Ainda mais as células cerebrais. Agora imagina, 50 mil células por dia... quantas no ano? É claro que não vou fazer essa conta. Depois de uma idade, começamos a esquecer onde colocamos as chaves de casa, o nome de uma pessoa ou outra, datas comemorativas, mas nada que uma boa desculpa não resolva. Agora, conviver com esses números pavorosos que a ciência joga nas nossas fusas, é preocupante.
     Sei lá, talvez fosse o caso de começar a procurar um geriatra. Será que meus rins estão funcionando bem? E o meu coração? Meus pulmões...? Meu Deus, olhai por mim! Não permita que eu fique neurótico. Olha as minhas células, olha as minhas células! Pra que esses dados mesmo? Não basta ver os cabelos caídos na pia? Nada se perde tudo se transforma, tudo se transforma... Tenho medo da traição da minha visão, estou mesmo achando que devo ir ao oftalmologista. E se o meu paladar não for mais o mesmo? É a gota. É o fim! Meu reservatório de células está baixando. Depois dos trinta, não vou mais contar anos. Alias, parei de contar aos 25. Conto apenas vitórias.
     Aos trinta, perder peso fica mais difícil e perder cabelo fica mais fácil. Triste sina. Você não é maduro o suficiente para se passar por adulto, nem suficientemente jovem para voltar a ser criança. Essa coisa de "tio" é o fim do mundo. Falar gírias, para uma pessoas de trinta é ridículo, e, se fala corretamente, é taxado como metido e quer saber tudo. Se já é casado, fez besteira, tanta coisa para aproveitar na vida. Se ainda não casou, tem alguma coisa errada.
     Caramba ... Trinta! 30! 10+10+10, 20+10, 15+15 ... Rir ou chorar? Tudo isso faz a gente pensar na vida. Tirando a história das células... São caminhos que a gente trilha. Só isso. Talvez uma das melhores fases da vida. Seguimos com as dificuldades, alegrias, tristezas, vitórias e derrotas, mas seguimos. Putz, quanta coisa já aconteceu. Tantos sonhos. Algumas questões da vida mais claras e compreensíveis Outras nem tanto. Não é para qualquer vinte e poucos não. Trinta é descobrir-se no tempo. Antes era espaço, agora é tempo. É mais objetividade. Hora de fazer valer a pena. É a idade de saber mais sobre os limites das coisas. Maturidade. Instintos pulsando. Será que fazer trinta anos é mais serio do que eu pensava? Não, não é. É simples e extraordinário, assim, tudo junto.
     Não vou ficar na neura. Acho que amadureci da melhor forma possível, não esqueci de ter um coração de criança. Minha cabeça continua curiosa como a de um guri. Nessa idade, já sabemos que um tempo de nós se passou. Nos tornamos dilema. Tenho bem menos amigos do que imaginava, mas o que importa, é o quanto eu consigo ser amigo de alguém. Não me preocupo mais em me exibir como pedra preciosa, não me cabe valores. Aos trinta passamos de quantidade a qualidade, de reta à curva, de loucura à prudência, de pressa à paciência, de impulso a sabedoria. Trinta é o primeiro grande estágio da vida. É um começo bom.
     Trinta é um tempo que fica guardado, esquecido, adormecido no peito e de repente rebenta-se, explode, desperta ... e o coração, embora que cansado, desprovido de motivação, ganha nova roupagem, suspira. Tudo fica mais simples e sincero. Tudo virá combustível. É amar-se! Agora sim, entendo o que disse o poeta: "é fogo que arde sem se ver... é um andar solitário entre a gente". Trinta!


Eli Negreiros

Carta aos meus segredos

Por onde começar ainda não sei. Talvez, por causa do cansaço, comece pelo fim. Meu passo se encheu pressa, meu braço se encheu de peso. ...