Para amar bem é preciso começar em si. Se não somos capazes de nos respeitar e compreender nossos próprios limites, tão pouco compreenderemos e respeitaremos o outro. Somos todos propensos a conceituar as pessoas antes de entender os espaços alheios. Em determinado ponto da vida o coração quer apenas descansar, mergulhar no silêncio, mas isso não o torna preso. Pelo contrário, é justamente na liberdade que o amor se faz verdadeiro, quando entendemos isso, descobrimos o que é o amor. Quando sabemos quem é a pessoa amada e conhecemos seus limites e mesmo assim continuamos amando. Quem ama de verdade, dá à pessoa o direito de ser ela mesma, de errar, acertar, ser fraca, ser livre.
Não podemos abrir mão de quem somos para agradar aos outros. Isso seria alienação. O amor torna-se concreto quando nos doamos aos outros e somos capazes de definir nossa identidade. Temos que assumir aquilo que gostamos e aquilo que não gostamos, e assim , amar com qualidade. Se não nos assumimos, em personalidade, dignidade, força e fraqueza, estaremos sujeitos a representar para sermos aceitos. As pessoas que nos amam, fazem isso, por que nos conhecem sem máscaras. O amor que não nos torna livres é egoísta, tenta se afirmar às custas de outro coração. Esse é um erro, o coração da outra pessoa pode até ser "nosso", mas não deixa de ser dela. Devemos promover o ser amado e não aprisioná-lo.
O amor perfeito nos impulsiona para frente e não reduz nossa capacidade de relacionamento com o meio que nos cerca. Isso é ciúmes, ou seja, prisão, egoísmo. Não podemos confundir o conceito de amor com o de posse. Quando o amor faz morada traz com ele a liberdade. Se nos fechamos no egoísmo, tiramos os sabores da relação amorosa, seja ela casal, amigo, familiar ou qualquer outro tipo de amor. Não vamos cair na besteira de achar que é fácil, pois não é, dá trabalho. Quando conseguimos amar dessa forma realizamos o que somos. Ao se chegar ao sabor ideal, logo se percebe o quanto nossa vida fica melhor. Todos somos capazes de amar e ser amado.
Temos que ter disposição para o amor. Tal disposição, acarreta perdas, escolhas, podas de tudo que se coloca como excesso em nossa vida. Amar é um dom a ser trabalhado em nós. A sua plenitude é adquirida no esforço e na aceitação do outro assim como ele é. Só amamos verdadeiramente quando aceitamos as diferenças e não quando encontramos semelhanças. É bom saber que somos todos diferentes uns dos outros e mesmo assim somos capazes de nos amar.
Eli Negreiros