segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Carne? e osso.

Quem decidiu que beleza está ligada a magreza devia ser um gordo mal amado e invejoso. É sem lógica uma mulher ter que ser esquelética para ser bela. Não bastaria está com um peso normal? Será que a maioria dos homens gostam de mulheres magras? Realmente não entendo essa imposição da magreza como padrão de beleza.
Eu não imagino que as mulheres que compram aquelas roupas chulas de desfiles sejam todas esqueléticas. Até porque a maioria das mulheres não são magras. E nem um homem gostaria de ter ao seu lado, como companheira um esqueleto descarnado. É inexplicável, que as modelos ganhem tanto dinheiro para passar fome. Desculpem, mas a intenção não é ofender, e sim que as pessoas deixem de ser escravas das imposições exageradas do homem. A beleza da mulher não tem que ser a imitação de uma girafa (grande, canela fina e pescoçuda) sem desmerecer ninguém. Às vezes ao olhar essas pessoas a impressão que tenho que é um monte de cabo de vassoura grudado um no outro. Manter o peso. Nem mais nem menos, isso seria o ideal porque a maioria da humanidade é assim. Dá pena de ver tanta gente morrendo de fome nos países pobres, enquanto alguns gastam fortunas para ficarem esqueléticos porque a sociedade impõe isso.
Se por um lado a gula leva à morte por uma série de doenças geradas pelo descontrole alimentar, por outro lado a busca excessiva para ser magra leva as mulheres a uma morte deprimente e mais rápido. Nos últimos anos têm se falado muito em anorexia e bulimia, doenças mais comuns que levam ao exagero em regimes e dietas. Todos esses questionamentos devem ser tratados com mais intensidade principalmente pelos ditadores da moda, porque toda a humanidade é bela e não só quem deixa à mostra os próprios ossos. Se esqueletos fossem belos, teríamos nascido sem carne ou desenterrariam os mortos e colocariam em vitrines como manequins (o que fariam um contraste interessante com aquelas roupas cheias de papagaiadas e feias).
O bom mesmo é ser saudável e não, querer passar pelo “fundo de uma agulha ou tentar limpar uma mangueira por dentro” como diz a minha avó. Tem gente que se uma brisa soprar, vai longe. Quando vejo pessoas assim tenho a impressão de que o meu joguinho de “pega varetas” ganhou vida, mas que está prestes a morrer (desculpem o exagero). Na vida devemos ser transparentes, mas nem tanto não é?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Filhotes assassinados


Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar de qualquer violência para conseguir o que se quer. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto…
Muitas pessoas são muito, muito preocupadas com as crianças da Índia, com as crianças da África onde muitas delas morrem de fome, etc. Muitas pessoas também são preocupadas com toda a violência nos Estados Unidos. Estas preocupações são muito boas. Mas freqüentemente estas mesmas pessoas não estão preocupadas com os milhões que estão sendo mortos pela decisão deliberada de suas próprias mães. E isto é que é o maior destruidor da paz hoje — o aborto que coloca as pessoas em tal cegueira…
Por favor, não mate a criança. Eu quero a criança. Por favor, me dê a criança. Eu estou disposta a aceitar qualquer criança que estiver para ser abortada… (Madre Tereza de Calcutá).

Qual horror que assola a terra, tão assim é falta de amor que assola a vida. Não é de se assustar se for realmente aprovado no Brasil a lei que legalizará o aborto. Em meio a tantos erros do governo isso seria o cúmulo do ataque à vida, onde não sabem mais o que fazem.
A verdade é que quando uma mulher aceita a submeter-se a um aborto, ela concorda em assistir a execução do seu próprio filho. São os horrores de uma humanidade que a cada dia está mais horrenda. Aonde vamos? Em quem confiar? Se filhote de homem com toda a sua fragilidade e dependência não pode confiar em sua mãe… em quem vamos acreditar? O bem virou mal, e o mal virou bem
Seres tão pequenos que ninguém os ver, dormem tranqüilos, crescem sem falar e pedir. São sementes, não têm pecado não fizeram nada. São sacrificados enquanto dormem. Tapam-lhes a boca antes mesmo de terem. São tratados feito bichos. Não gritaram, não têm amanhã. Não ouvirão: “querido”, nem falarão mamãe. Beijo, colo, sorriso, abraço… nem pensar. Ir à escola é só para quem vive. Serão nada para sempre e isso consciente. Não terão olhos, não saberão, não serão crianças, não terão amigos. Não poderão brincar, roubar mangas, ouvir cigarras, banhar em lagos, andar descalço, vadiar, ter um cachorro para lamber-lhes as mãos, comer doces… não conhecerão o mar, os rios, os montes, os peixes, as feras, as flores, os cheiros. Estão condenados por um crime que nem capacidades tinham para cometê-lo. Não saberão do mundo, pois num breve segundo foram neutralizado com maestria, com claras batas, máscaras de entrudo, técnicas exatas. Negaram-lhe tudo, o destino inteiro e isso só porque os abortistas nascem primeiro.
Não cortem as flores. Só deixará remorso em quem as corta. As rosas são mais belas quando vivas. Nada mais triste do que uma rosa morta. Deixem os homens nascerem, deixem os homens crescerem, deixem… Viver é um direito de todos.








Deixe-me nascer - Celina Borges. Lindo vídeo não deixe de vê-lo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Chão Rachado





Para os moradores do interior deste gigantesco Brasil, a frase “seja o que Deus quiser” cai no coração do sertanejo como uma navalha que provoca uma dor profunda. Quantas decepções com promessas de políticos, quantos sofrimentos, quantas lutas perdidas. Muitas vezes a frase tem ligação com um íntimo desespero, mas ao mesmo tempo, de confiança em Deus, em que o nordestino sempre repõe sua última esperança, guardada no cantinho mais escondido da observância. Resignação, mas não desistência. A história se repete cada ano.
Na zona da seca em si plantando tudo dá, é só chover. Se não chover aí sim é pra começar a se preocupar. É um povo sofrido, que forma o nosso Brasil. Que é a fôrma do descaso e da indignação. Quantos sofrimentos, para ter uma lata de água barrenta que dá cólica e disenteria, que não mata a sede, que não trás o pão, quando na mesma caatinga estorricada pelo sol, o “castelo” do político é regado até de água pura da mina. A grama sempre verde e aguada pela chuva ou por um caminhão pipa em Brasília ou em qualquer outro grande centro do país. Contrasta com crianças sedentas, famintas, e com verminoses, mulheres ressequidas, sertanejos enrugados pela inclemência do sol e desesperados, em busca de uma gota de água para matar a sede da família e dos animais que deveriam providenciar sua subsistência. As carcaças de animais já fazem parte do cenário nordestino. Tenho pra mim que lá o jumento é o melhor amigo do homem. É um chão rachado, que reflete o coração ressequido de um povo sofrido que não desiste com a dor. Lá o céu bonito é o céu escuro, nublado. Não poder ver as estrelas à noite é motivo de imensa felicidade por saberem que elas estão encobertas por água que logo vai cair num chão que morre de sede. Na seca sofrimento é sinônimo de esperança, persistência e amor. Povo esquecido em um meio oprimido. O “poder” está tornando o sertão do nordeste em uma grande mancha de terra morta, em um grande deserto desolado. Os naturais da terra estão se naturalizando em outros recantos. No cenário devastado onde o Brasil é um deserto em ascensão, vai se formando a história de uma glória decadente, esculpida no chão. Castigo da natureza ou interesse dos homens?
E ainda há quem mate a fome, e ainda há quem morra de fome. Chão aberto, num futuro deserto, é morrer sem condição ou por opção do país gigante. Há quem brigue pelo povo retirante, povo que ver o sol mais vezes do que qualquer outro na nação. O brilhar do olhar é o sofrer do viver. Chão rachado, rico, fértil e que têm muito a oferecer.




Elba Ramalho e José Dumont em Morte e vida Severina.












quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Pau-de-arara

Ao contrario do que cantam na musica “pau-de-arara”, a vida aqui só é ruim todo dia que temos que pegar ônibus. Se chover no chão pode ter certeza que dentro do ônibus vai ter uma goteira bem onde você está. Se não chover tem poeira de montão. Se você optar por esperar o próximo ônibus ele virá mais lotado do que o anterior e ainda ficará de molho na parada um tempão. Não tem um dia que não deixemos o nosso “cariri” nesses “paus-de-arara”. O termo “pau-de-arara” é originário do costume de se amarrar aves, para a venda, numa vara, onde as mesmas ficam penduradas, para o transporte. Por analogia o termo ganhou duas acepções diferentes, a primeira foi empregada a um método de tortura muito utilizado no Brasil, principalmente no período da ditadura militar, nos conhecidos anos de chumbo. Hoje não é diferente dentro dessas “carroças” que são vulgarmente chamadas de “baú” ou “busú”. Chega a ser uma tortura ter que ficar pendurado feito galinhas, tentando se equilibrar porque o motorista é tão profissional que até parece um piloto de fórmula um. O pior é quando estamos com sacolas ou papeis nas mãos e as pessoas que conseguem um lugar ao sol, e sentados, não têm um pingo de sensibilidade para ajudar. Tenho pra mim que em pau-de-arara o povo é mais solidário, pelo menos todos vão ao sol e no mesmo grau de desconforto. Não existe nenhum tipo de supervisão nos ônibus do Entorno que rodam no DF, e se tem devem ser secretamente e ainda não chegaram a uma conclusão de como agir. O Ministério dos Transportes, o Departamento Metropolitano de Transporte Urbano (DMTU) e a Policia Rodoviária Federal não controlam rotas e horários. Sem falar do monopólio que existe no Entorno Sul. Segundo a ANTT, “não é possível permitir a entrada de mais empresas no mercado, pois não seria possível garantir a rentabilidade do investimento”. É de se revoltar o descaso e o desrespeito com que a ANTT e os governantes tratam a população. Como antigamente hoje também tem “coronéis” que ditam as regras. O preço das passagens aumenta desordenadamente, e não temos uma segunda opção. Na segunda acepção o termo “pau-de-arara” dá nome a um meio de transporte irregular, e ainda utilizado no Nordeste do Brasil. Caminhões são adaptados para o transporte de pessoas, constituindo-se em substituto improvisado para os ônibus convencionais. (não é a toa que se parecem tanto com os ônibus da capital). Sobre a carroceria do veículo são colocadas tábuas, que servem de assento, e a instalação de uma lona como cobertura completam a adaptação destes para o transporte. (sem dúvida esses ônibus que nos atendem, são cópias um pouco mais modernizadas dos paus-de-arara que temos no Nordeste).
O transporte coletivo da Capital da República e do Entorno está longe de ser um modelo ideal. O usuário que o diga. Os problemas são pequenos comparados a grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, por sermos sede do Governo Federal, e casa do “retirante pernambucano” que ocupa a Presidência da República, são sim de gravidade. As reclamações são sempre as mesmas: “ó pau-de-arara que demora”, “esse pau-de-arara só passa abarrotado de gente”… Pois é, aqui continua como terra de ninguém. Ainda é a terra do aquém. A quem recorrer? Ao DF ou ao Entorno? Então é isso, vou deixando o meu “cariri” não porque é o último e sim porque é o único, e o próximo vai demorar… E provavelmente vai quebrar antes de chegar à “capital”. “Tomara que chova logo tomara meu Deus tomara…”.

Esculte a musica Pau-de-arara com Zé Ramalho




Último Pau de Arara

(Palmeira Guiimarães/Rosil Cavalcanti)

A vida aqui só é ruim quando não chove no chão mas, se chover dá de tudo fartura tem de montão, tomara que chova logo tomara meu Deus tomara só deixo o meu cariri no último pau-de-arara (BIS)Enquanto a minha vaquinha tiver o couro e o ossoe puder com o chocalho pendurado no pescoço eu vou ficando por aqui que Deus do céu me ajudequem sai da terra natal em outros cantos não para só deixo o meu cariri no último pau-de-arara (BIS)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Aqui também nascem flores






Onde moro também nascem flores. Embora seja terra de muitos ardores. Vivo no “entorno de um grande jardim”, e dá até pra florir daqui. E quem é que liga para a beleza que aqui existe? Quem de lá, vem para cá nos ajudar? Um dia desse ai atrás chegaram aqui perto e talvez não voltem mais. Por aqui o tema é: “a repressão à violência na região”. Pobre Amaury de “pombo correio” quase que vira luto no “correio”. Ah! Fiel amigo, se tu soubesses que é aqui que morra o perigo… As cidades do ocidente estão florindo como as do oriente. Mas, não vamos desanimar. Aqui rola de tudo mesmo, é droga, violência, prostituição tem para todos os gostos. É só pagar. “Aqui você quer aqui você pode”. Até pouco tempo era terra de ninguém. Parabéns Amaury, você nos ajudou muito apesar do ocorrido.
Dizem que a “Força Nacional de Segurança” está aqui, mas, não vi ninguém ainda. Foi o jardineiro daqui que pediu essas tropas de Segurança Pública para o nosso entorno do poder. Isso é bom, assim todos vão ver que aqui não existe nenhuma força, senão a de um povo que sai de casa à noite para trabalhar, reza para chegar ao ponto de ônibus sem ser assaltado, (por falar nisso dia cinco está chegando, algumas daninhas só trabalham nesse dia) e retornam nos mesmos ônibus caóticos que nunca estão vazios. Será que eles não sabem que as flores exigem um máximo de cuidados para permanecerem belas? Eles vão mapear o jardim. Uma parte dessas “tropas” vem do Rio de Janeiro, lá onde a guerra não pára e ninguém sabe por quê. Se isso desse jeito, por que lá ainda morre gente vítima desses algozes ditadores de não sei o quê? E até sei do quê. Os jardins daqui são como os de lá. As balas que voam por aqui são da mesma origem que as de lá. Se lá eles fazem coisas que assusta até o satanás, imagine o que farão aqui. Surgiu uma espécie de “fuxico” em nosso jardim, só se fala nesses assustadores do capeta (obs. Quando vir essa "tropa de elite", devo sugerir que eles visitem o Senado com muita água benta, e de quebra a oração de São Miguel e São Bento, porque ali tem capeta a puxar com rodo). Mas, até hoje não vimos nada, senão os mesmo traficantes que tornaram o nosso jardim famoso.
Aqui tudo é lindo. Ah! Se fosse. Ao menos na teoria Brasília está cercada de beleza. Jardins com nomes belos como: Jardim Lago Azul, Cristalina, Águas Lindas, Jardim Céu Azul, Jardim Ingá, Valparaiso entre outros que cercam a “casa mor”do “jardineiro fiel” que “nunca sabe de nada”. Pois é, aqui tem jardins que estão entre os mais violentos do Brasil segundo dados da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI). E mesmo assim ainda somos flores. Queremos que se cumpram nosso direitos. Afinal nenhum outro sol brilha por aqui senão aquele que brilha para as ervas-daninhas e flores de defunto. Porém, que gracinha se preocuparem conosco. Vão prender uma meia dúzia de marginais e vão embora? E depois como é que fica? Quem garante que não vai surgir mais desses aterrorizadores de flores de jardim?
Enfim, aqui também nascem flores que sofrem influências. Será que os jardins vizinhos ditam os nossos? Ou os daqui não têm as mesmas proteções que os de lá? O fato é que seremos sempre “entorno cheio de capetas”, vizinhos das decisões federais, do poder, da falta de vergonha, da ambição e corrupção, do “Lulinha eu não sabia”, da Mônica e do Renan, de flores sem amores, de jardins que não tem fins…de um nada que dita tudo. Seremos flores até que essa chuva de fogo acabe ou que a primavera se vá.


Jardim Lago Azul 16 de outubro de 2007
Eli Negreiros

Carta aos meus segredos

Por onde começar ainda não sei. Talvez, por causa do cansaço, comece pelo fim. Meu passo se encheu pressa, meu braço se encheu de peso. ...