quinta-feira, 2 de abril de 2009

Carcará

Carcará
Maria Bethânia
Composição: João do Vale/José Cândido


(Glória a Deus Senhor nas altura. E viva eu de amargura. Nas terra do meu senhor)
Carcará. Pega, mata e come. Carcará. Num vai morrer de fome. Carcará Mais coragem do que homem Carcará. Pega, mata e come. Carcará. Lá no sertão. É um bicho que avoa que nem avião. É um pássaro malvado. Tem o bico volteado que nem gavião.
Carcará. Quando vê roça queimada. Sai voando, cantando,
Carcará Vai fazer sua caçada, Carcará come inté cobra queimada, Mas quando chega o tempo da invernada, No sertão não tem mais roça queimada, Carcará mesmo assim num passa fome, Os burrego que nasce na baixada
Carcará é malvado, é valentão. É a águia de lá do meu sertão. Os burrego novinho num pode andá Ele puxa no bico inté matá. Carcará Pega, mata e come!



... e ele ia morrer de fome? Até tú? Não coma os burregos que te alimentam. Uma facada de marfim. Uma caçada, no suvaco molhado, na rua da boutique, num carro velho. Quem ganha com isso? Pardais não são fracos e não têm o bico torcido. Quem cobra pelos serviços? Quem é a cobra? Quem? De quem é a roça queimada?
O carcará sobrevive... mas ele é inocente?

Acorda Maria Bonita! A polícia já está de pé...

Carta aos meus segredos

Por onde começar ainda não sei. Talvez, por causa do cansaço, comece pelo fim. Meu passo se encheu pressa, meu braço se encheu de peso. ...